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Um pescador solitário

“A tarde ia avançando, e o barco continuava a mover-se devagar e com firmeza. Mas havia um esforço a mais para o
peixe, que era a brisa de leste, e o velho cavalgava suavemente a breve ondulação, e a dor da corda nas costas
vinha aceitável, suportável.
Certa vez, à tarde, a linha principiou de novo a subir. Mas o peixe apenas continuou a nadar a um nível ligeiramente mais alto. O sol batia no ombro e no braço esquerdo do velho, e nas suas costas. E assim soube que o peixe virara de rumo a nordeste.
Agora que já o vira uma vez, era capaz de imaginar o peixe a nadar nas águas, com as purpúreas barbatanas peitorais
abertas como asas, e a grande cauda erecta cortando a treva. “Verá ele muito a essa profundidade?, pensou o velho. Os olhos dele são enormes, e um cavalo, com muito menos olho, é capaz de ver no escuro. Em tempos, era eu capaz de ver bem no escuro. Não na treva absoluta. Mas quase como um gato vê”.
O sol e o movimento firme dos dedos haviam despertado agora por completo a mão esquerda; começou a transferir
parte do esforço para ela, e contraiu os músculos das costas para mudar um pouco a dor da corda.
— Se não estás cansado, peixe — disse alto —, deves ser
muito estranho”.

Transcrição de um texto do livro O VELHO E O MAR de Ernest Hemingway (Prémio Nobel). Edição “Livros do Brasil”

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