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Fotografia de uma crise

 

A democracia é o governo do poder visível.

Sob sua tutela “nada pode permanecer confinado no espaço do mistério”, ensina Norberto Bobbio. A lição é oportuna no quadro em que vive o País, caracterizado por mobilização de grupos e setores.

A crescente onda de manifestações puxada por descontentes com o desgoverno e a corrupção que agitam a vida nacional, deixa transparecer uma crise de autoridade. O Estado não tem demonstrado competência para fazer cumprir a lei, estabilizar a economia ou prestar contas à massa, cada vez maior, de cidadãos sedentos por justiça.

Felizmente, ao contrário das manifestações nacionalistas durante a copa do mundo de futebol, estas tem se transcorrido de forma pacífica, apesar de confrontos isolados e controlados de forma eficiente pelas autoridades policiais.

A par das motivações que estão por trás de suas ações diretas e truculentas, é inegável que a minoria beligerante está a serviço de entidades ou sindicatos, agindo a soldo coberto por verbas públicas ou de origem ilícita, o que afronta a lei e rompe o limite do Estado de Direito. Pode-se até argumentar que não seriam meros vândalos e baderneiros ao inseri-los no grupo que atende ao clamor irresponsável de uma liderança, que deseja ver instaurado o caos, a exemplo dos protestos do final dos anos 90, quando ganharam visibilidade as manifestações contra a Organização Mundial do Comércio, a batalha de Seattle (1999), e contra o G-8, em Gênova (2001), quando morreu o primeiro ativista do movimento antiglobalização, Carlo Giuliani.

Na moldura brasileira, porém, a indignação do grupo não tem como lastro um episódio de envergadura nem o pano de fundo de profunda crise econômica, como a que abalou nações em 2008. Por aqui, o conceito das “bandeiras vermelhas” entra mais na esfera da barbárie, convergindo para o que Elias Canetti, no clássico Massa e Poder, classifica como malta: “Um grupo de homens excitados que nada desejam com maior veemência do que ser mais; o que lhes falta de densidade real suprem por intensidade”. A falta de discurso é suprida pela estética da destruição.

“Se for preso ou morto viro herói nacional. Se ficar solto volto a presidente da república”.
Quanta estupidez em poucas palavras. Fica patente a conotação beligerante visando instalar o caos e a desordem.

Aqui cabe um apenso simbólico: A democracia é a arte do diálogo e não a imposição de uma nação. Estamos no limiar de nova agressão militar antes de se esgotarem as vias diplomáticas.

A foto do presente flagra a violência das “bandeiras vermelhas”. Mas a legenda é a mesma que Nietzsche gritou do penhasco de Engadine, nos Alpes suíços: “Vejo subir a preamar do niilismo”.

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Neimar Fernandes