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Aqui é o 190 (Sismógrafo social)!

 

No Jornal da Manhã de Uberaba — o JM Online —, nesta segunda-feira (6), na coluna “Falando Sério”, publicou o seguinte post:

(Aqui é) Polícia, os desafios de uma vida no anonimato dos policiais militares

Mais de trezentos policiais militares não voltaram para casa, este ano, no Brasil. Poucos se importam com isso, além dos seus amigos, companheiros e familiares.
Os mortos representam apenas uma estatística.

Mesmo sendo o legítimo representante da única instituição a que o cidadão pode recorrer e ser atendido a qualquer hora do dia ou da noite, 365 dias no ano e em que circunstâncias forem, o PM não aparece nas pesquisas de opinião como “queridinho”. Nem a organização.

Os consultados têm preferido as Forças Armadas, que não estão nas ruas e não se desgastam, e a Polícia Federal, de imagem reforçada com as prisões de políticos.

Parece coisa simples pôr um revólver na cintura, deixar esposa e filhos em casa e sair por aí à procura de problemas para resolver, de bandidos para enfrentar, ser um alvo ambulante, a quem não é dado o direito de atirar primeiro e perguntar depois, mesmo nas situações mais críticas.

Ser policial militar por vocação em um país como o Brasil é passar atestado de “maluco”. Trabalha muito, tem de estar preparado para agir mesmo nas horas de folga, chova ou faça sol, ter equilíbrio emocional, raciocínio rápido, condicionamento físico, rolar no esgoto se preciso for, fazer do seu corpo escudo de um cidadão que nunca tenha visto, cuja vida, para ele, é mais importante do que a sua.

Passar trinta anos sob pressão, com a vida em permanente risco, não é fácil. Para esse homem não tem o conforto do ar condicionado, a água gelada, o cafezinho sempre à disposição e a bajulação.

Para ele, com salário-base de pouco mais de R$4 mil, e congelado em Minas há três anos, não existe auxílio-moradia, mesmo que seja mandado de Uberaba para o Norte do Estado ou de lá para cá.

Não existe auxílio-livro (como se não precisasse também estar atualizado sobre as leis, das quais é o primeiro fiscal, nas ruas), nem verba para contratar advogado quando é processado por defender a sociedade.

Se for acusado de maus-tratos ou atirar em alguém, mesmo que em legítima defesa de si ou de outrem, e no exercício da atividade,“que se vire”.

A defesa que lhe é negada pelo Estado é colocada pelo próprio Estado à disposição de bandidos e feita por advogados que ganham três vezes mais que ele.

Ser policial militar é estar disposto a viver uma vida com salário incompatível com o que representa de fato para a sociedade.

Seu patrão, o Estado, como a sociedade, não o valoriza. Mas adora bater no peito quando as coisas vão bem, para se autoelogiar. Dizer que sua política para a segurança pública está dando certo. Nunca se lembra de atribuir esse sucesso ao homem que o materializou.

Aliás, quando foi que um soldado recebeu, em Minas, a Medalha da Inconfidência? Aquela condecoração normalmente colocada no pescoço de políticos que nada fizeram pelo Estado nem pelo povo.

Para não fugir à regra, também a instituição homenageia gente que nada fez por ela senão bajular oficiais superiores. Mas isso é um capítulo à parte.

Para o Estado, basta ser eleito deputado para merecer medalha. Mesmo que seja o pior dos bandidos.

Uberaba tem muitos heróis, homens forjados na luta pela segurança pública.

Pouquíssimos deles são conhecidos pelo povo, pois o soldado não faz propaganda de si mesmo (quem prende é a PM, não o policial), não dá entrevista (quase sempre é o chefe ou a informação está em release), não tem o hábito de buscar louros para si no serviço alheio.

Aponto uns poucos, dentre muitos desses homens admiráveis, que nunca foram lembrados em discursos fora do âmbito militar.

Entre aqueles a quem Uberaba muito deve estão o subtenente Dalmo, sargento Iraci, cabo Joaquim Vilela, tenente Souza e sargento Melo, da velha-guarda, líderes pelo exemplo, e tenente Cintra, que representa os muitos heróis ainda na ativa.

Gente identificada nas ruas pelo uniforme e a frase sempre dita com orgulho e firmeza: “(aqui é) Polícia”. Grito que faz o mais perigoso dos bandidos tremer e o cidadão agradecer a Deus.

Melhor do que ninguém, os heróis anônimos conhecem cada um dos bandidos mais perigosos da cidade.

O PM é capaz de nominar um a um, detalhar seu modus operandi, e alguns podem até mesmo dizer quantas vezes os prenderam.

O “dirigente máximo” da Polícia Militar em cada Estado, o governador, nunca passou meia hora dentro de uma radiopatrulha, à noite, para saber o que é ser policial enquanto a cidade dorme.

Nunca viu um tiroteio de perto, nunca se viu frente a frente com um criminoso (os colegas do mundo político não valem). Nunca viu alguém pedir socorro e saiu em sua defesa, estando de serviço ou de folga.

Nunca precisou limpar uma ferida e continuar combatendo, nunca viu o companheiro tombar ao seu lado.

Pode ter acontecido, mas não me lembro de uma única visita de governador mineiro à família de um herói tombado em serviço, de um único prédio dos Três Poderes receber o nome de um deles.

Mas, para esses homens e mulheres, não importa.

Enquanto houver um PM de pé, a sociedade ouvirá em sua defesa: “(aqui é) Polícia”.

Fonte: JM Online.

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Equipe PontoPM

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